Faixa de Gaza
 


Já faz tempo que eu queria criar um blog, mas depois deste episódio 
me senti impelida a tecer alguns comentários.


O vídeo do programa humorístico de Israel, Latma, satiriza o presidente Lula e o acordo de enriquecimento de Urânio firmado entre Irã – Brasil - Turquia.  O problema maior talvez não seja a mera ridicularização do nosso presidente, ou, por equivalência, a ridicularização do nosso povo brasileiro - ato que por si só já seria bastante revoltante-. Mas, sim, tudo o que há por trás desse acordo e desse vídeo.

Muito tem se falado sobre o pacto firmado e da política internacional do Brasil. Alguns acreditam que o nosso país não deve “interferir” na política do Oriente Médio. Outros que foi um desrespeito e uma afronta a paz mundial. Mas, será que realmente foi um ato tão ‘mafioso’ assim?

O jornal britânico The Guardian realçou que o acordo “marca o nascimento de uma nova força altamente promissora no cenário internacional: a parceria Brasil-Turquia... O que se viu foi que negociadores competentes em negociações bem encaminhadas por dois líderes mundiais destruíram a versão, difundida por Washington, de que o Irã não faria acordos e teria de ser ‘atacado’”.

Já o jornal francês Le Monde elogiou o Brasil e destacou que “o Sul emergente já aparecera antes, em cena que provocou frisson e alarido no palco internacional, em domínios do meio ambiente e comércio. Essa semana inaugura nova etapa, importante sinal de quanto aumenta o poder desses países. Ei-los ativos em terreno que, até agora, permanecia quase monopólio das tradicionais ‘grandes potências’: a proliferação nuclear no Oriente Médio”.

O problema, talvez, não seja o acordo em si, ou a probabilidade de o Irã atacar nuclearmente o resto do mundo. O buraco é mais em baixo, como diria o jargão popular.

A reação contrária dos EUA foi um ato esperado. Afinal, ele sempre fora a pátria sobressalente naquelas bandas. Quem, para atacar o Iraque, criou inúmeras desculpas e motivos infundados? Quem, para atacar o Afeganistão, já tinha feito o mesmo anos atrás?

O acordo firmado pelo Brasil é o MESMO que os norte americanos tentaram impor algum tempo atrás. A diferença foi apenas a maneira em que essa negociação ocorreu. Enquanto os EUA vieram com armas em mãos e cheios de soberba, tentando fazer o Irã cair de joelhos, o Brasil, simplesmente, negociou.

Diante disso como aceitar que o ‘primo pobre’ tenha conseguido a missão que eles não cumpriram? Creditar valor a esse acordo seria reconhecer a própria incapacidade de negociação.

Sem o ‘aval’ norte americano, Israel que sempre foi financiado pelo ‘tio sam’ (com armamentos, por exemplo), acaba entrando na dança e condenando o Brasil por não ter ‘cérebro’  e ‘não conhecer a história do Oriente Médio’. Mas, cá entre nós, será que se não conhecêssemos a história tão bem desta parte do mundo, teríamos conseguido um feito que os norte americanos tentaram e só bateram na trave?