Faixa de Gaza
 
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                 Eu estou de dieta. E aí você me diz, grande coisa? Bom não seria grande coisa se este fato não alterasse toda a minha vida. Não, esse não é um texto jornalístico, cheio de opiniões, fontes e blá blá. É um textão pessoal mesmo, um desabafo...

                Dietar (verbo recém criado por mim para explicar o que ando fazendo) é muito complicado. Além de exigir uma força de vontade sua extrema, ainda exige uma puta paciência de quem convive com você. Mau humor, irritabilidade, raiva, ódio, vontade de socar quem sequer ousar respirar ao seu lado. E, ao mesmo tempo, carência, tristeza, necessidade de pessoas. Uma loucura que só a falta de comida pode te proporcionar.

                Não estou virando anoréxica. Mas, mudar os hábitos alimentares, reduzir a quantidade de comida e deixar seu prato parecendo uma escola de samba provoca mudanças radicais no seu cérebro, estômago, soco inglês... Achar alface gostosa e contar os minutos até a próxima refeição é algo que somente o nosso mundo atual proporciona.

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                  Se eu tivesse nascido em outra época, provavelmente teria que passar por um ‘regime de engorda’. O bacana, o saudável, o bonito era ser gordinha. E lá iam as mulheres se “empanturrarem” de comidas gordurosas, somente para alcançar o ideal. Depois, a coisa foi mudando. As mulheres tinham que ter curvas, a famosa ‘mulher violão’. Pra isso? Espartilhos e tudo o que poderia te deixar sinuosa. Então vieram as modeletes, altas e magéééérrimas. Alface e azeitona viram refeições completas; carnes e doces são vilões tenebrosos. E as mulheres? Distúrbios alimentares, insatisfação constante, plásticas e mais plásticas... Agora, parece estar mudando o conceito. Mulheres ‘panicats’, bombadonas e fortes são bem vistas. Lá vamos nós: correr e lotar as academias, malhar desnorteadamente, puxar ferro igual homem.

                E por falar em homens, enquanto isso eles são aceitos por nós de qualquer jeito. Se ele é baixinho, mas é bacana, a mulher dá valor. Se ele é gordinho, mas é engraçado, a mulher dá valor. Se ele não tem o abdômen sarado, o braço bombado, o rosto quadrado, mas sabe te tratar como uma princesa, é carinhoso, atencioso, você dá valor.                 
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          Porém, para a mulher ter valor é preciso estar dentro do padrão atual de beleza. Ser magra, mas ter bumbum, peito, curvas. Um cabelo de comercial de xampu. Mas, não só isso. Tem que ser inteligente, ter uma profissão, ser independente. E, ao mesmo tempo, carinhosa, meiga, delicada, saber cuidar da casa, dos filhos, do marido, da família. Tem que ser uma super mulher. Carregar o mundo nos ombros, com um salto agulha, de batom vermelho e cabelo arrumado, enquanto sorri e demonstra entender tudo sobre pesos e carregamentos de mundo.                
              Diante desta cobrança que mulher não será infeliz? Não se sentirá mal ao comprar uma calça jeans que a cada ano é menor? Não se sentirá insatisfeita com o corpo e a mente? Não ficará desesperada, tendo todas estas obrigações e uma quantidade reduzida de comida no prato? Não se sentirá na NECESSIDADE de comer um brigadeiro escondida enquanto suspira suas neuras, e depois se sente culpada mortalmente?              

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             Eu estou dieta. Pra voltar no meu peso normal pré operação (ah, ta, há alguns anos operei o joelho esquerdo e só fiz ganhar peso). Mas, poderia estar de dieta pra caber no jeans 38 deste ano. Poderia estar de dieta para conseguir uma posição melhor no serviço. Poderia estar de dieta para conseguir mais carinho e admiração do namorado. Poderia estar de dieta para resolver todos os meus problemas. Poderia estar de dieta para ser aceita, não como mulher, apenas, mas como objeto que atende a todos os pré-requisitos esperados. Poderia, mas, ainda não estou. Embora algumas destas hipóteses às vezes nos passem pela cabeça.
Igualdade entre os sexos? Não vejo mesmo. Para a mulher todas as exigências são maiores e a beleza ainda é um quesito fundamental em praticamente todos os setores da vida.

                Resultado deste nosso mundo de dieta. Dieta de sentimentos, dieta de respeito, dieta de humanidade. Um mundo de dieta é mal humorado, agressivo, raivoso e, ao mesmo tempo, carente e tristonho. Um mundo de dieta, embora consuma o estipulado, nunca está totalmente satisfeito, nem nutrido. 


 
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Fotografias. Preços de hotéis,pousadas e resorts. Dicas de viagem.Pontos turísticos. Propagandas.
Seria esse o jornalismo de turismo esperado? Ou apenas um jornalismo de viagem, que se assemelha mais a um catálogo de qualquer agência?
Analisando algumas publicações conhecidas no tema (como a Viagem, Viagem e Turismo, Próxima Viagem, Viaje Mais, entre outras) acabamos percebendo que a publicidade fala mais alto do que informação - não apenas para possíveis turistas,mas também para pensadores do turismo-.
Quantas revistas ou cadernos de turismo você conhece que informe o turismólogo (profissional bacharel em turismo) sobre o pensar e fazer turismo em determinada região? Quantas colunas de analistas desta área você conhece dando sua opinião e falando sobre gestão em turismo ou hotelaria?
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É sabido que o 'trade' turistico agrega uma quantidade muito grande de profissionais. Desde o frentista do posto de gasolina que serve como fonte de informação ao turista, até o gestor que pensa o turismo para determinada região. E, porque não informar essas pessoas também? Porque todas as publicações sobre o tema devem girar em torno de guias, atlas, dicas e, claro, muita publicidade?
Quem quer um guia de ruas, compra um guia de ruas. Quem quer um guia sobre Paris, compra um guia sobre Paris. Quem quer se informar sobre turismo, faz o quê?

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É claro que indicar pontos turistícos, melhores hotéis, novidades e etc é interessante para quem pretende viajar. Mas, será que esse é o único 'viés' jornalístico que a área permite?
Muito mais do que meros 'diários de viagem', as publicações sobre turismo podem e devem ser mais profundas, críticas e, obviamente, com mais conteúdo. Para todos os profissionais que vivem desta área em constante crescimento, para os investidores, para os estudantes e, também, para os meros curiosos que gostam de ler uma boa crítica, uma boa coluna... Ai que vontade de ver esse turismo brasileiro 'profissionalizado' como merece!!
Seria apenas um sonho delirante de uma ex-turismóloga e quase jornalista? Espero que, com o perdão do trocadilho, não seja apenas mais uma viagem....

 
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 Pra quem não sabe eu resido em Mogi Mirim.  E há certa polêmica rondando a cidade: a troca de hidrômetros. A nova gestão do Sistema Autônomo de Água (SAAE) resolveu fazer uma troca massiva dos hidros de Mogi, padronizando todos. E, é claro, que isso gerou polêmica. Residências muito antigas, com hidros ainda mais antigos, com vazamentos por encanamentos muitíssimo mais antigos, tiveram um aumento de consumo. E aí se instalou a polêmica.

Mas, o caso não é esse. Isto apenas me fez refletir sobre como nós - de maneira geral, assim mesmo – não temos a menor idéia de como gastamos água.  A partir da polêmica você começa a perceber que 99.9% dos consumidores não têm idéia de quanto se gasta e de como é fácil usar água.

Segundo uma média mundial, cada pessoa usa diariamente cerca de 200 litros por dia para suas necessidades básicas, como tomar banho, escovar os dentes, usar o banheiro. No final do mês, uma única pessoa teria consumido aproximadamente 6 mil litros de água. O mínimo de água em Mogi é 10 mil litros, no valor de R$15.27. Famílias de sete pessoas ou mais, com hidros antigos, costumavam gastar o mínimo. Fazendo-se as contas, conclui-se o óbvio: isso é impossível!

Porém, a polêmica surge quando desconhecemos estes dados. Quantas pessoas têm noção de quanto se consome em um banho? De que não é necessário ter uma piscina em casa, lavar o quintal todos os dias ou outros desperdícios do gênero para se alcançar a faixa dos 200 litros por dia? Praticamente ninguém.

Eu mesma não tinha nem idéia do quanto significava mil litros de água. Ou o quanto os meus dois banhos diários significariam no final do mês. E, porque, tamanha desinformação?

Diante da crise mundial que estamos passando, da escassez de água em muitos países, das lutas infinitas pela bandeira da sustentabilidade, ninguém se preocupa em informar a população sobre o consumo de água. Enquanto isso, continuamos deixando o ‘líquido precioso’ escorrer por nossas torneiras e canos furados e nem nos importamos!  Mas, quando passa a mexer no bolso, como bons brasileiros, começamos a reclamar. Sem, ao menos, colocarmos a mão na consciência para refletirmos se, realmente, não estamos ‘jogando água pela janela’.

Orientamos nossas crianças sobre as leis de trânsito, sobre como reciclar garrafas pet, sobre os desmatamentos na Amazônia, sobre como o excesso de veículos contribui com o buraco na camada de ozônio. Mas, na hora de instruirmos sobre uma coisa simples- como a economia de água- acabamos falhando. Não se conscientiza a população sobre gastos diários, sobre como uma máquina de lavar ligada pode fazer diferença no consumo, sobre como vazamentos são desperdícios de água. Sabemos, sim, que ela está acabando, que é fundamental para o homem, que sem ela não há vida na Terra, que ela representa 70% de nós. Porém, será que sentimos isso nos nossos gastos diários? Será que alteramos nossos hábitos por amor ao planeta, somente, ou é preciso sentir no bolso pra começarmos a nos preocupar - não por cuidado ao líquido precioso, mas sim por amor ao níquel valioso-?
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E, diante de tudo isso, ainda me questiono mais: como pode a imprensa apenas fazer sensacionalismo com a polêmica e não aproveitar o fato para INFORMAR à população, como deveriam fazer TODOS os meios de comunicação? Ouvir todas as partes envolvidas, tentar entender o que está acontecendo e aproveitar o ‘gancho’ para falar de algo maior que atinge todas as pessoas, independente das cidades ou países em que vivem?

Porém, como sempre, o ‘níquel valioso’ fala mais alto... E, claro, polêmicas vendem mais. Afinal, para quê economizar água? Salvar o planeta? Coisa de desenho animado. Daquele antigo, o tal “Capitão Planeta”. Pelo menos, naquela época, nossas crianças eram mais bem informadas, os desenhos passavam alguns valores, diferente de relógios que te transformam em alienígenas ou adolescentes que são super espiões.

Talvez eu esteja nostálgica, talvez revoltada, ou talvez apenas –às vezes- perca a fé nesta profissão pra qual estudo. Jornalistas? Formadores de opinião? Apenas creio que muitos trabalham em prol da disseminação da desinformação e do sensacionalismo barato. Isto é triste. Bem triste.