Faixa de Gaza
 
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Existem alguns livros que você lê e te marcam. Existem outros que não conseguem sair de você. Seja pela forma como foi escrito, pela história que narra ou pela profundidade dos acontecimentos. Hiroshima, um clássico do jornalismo literário, de John Hersey, se enraiza nas entranhas do leitor por todas as formas acima citadas. Pela primeira vez, após o lançamento da bomba atômica sobre a cidade japonesa, a enorme violência provocada contra a humanidade ganha voz, pelas palavras do jornalista.
Hiroshima retrata a versão de seis sobreviventes do horror provocado pela bomba atômica. O dia do lançamento, em 6 de agosto de 1945, os meses subsequentes e o desenrolar de suas vidas 40 anos após o bombardeio.
Muito mais do que um relato de uma catástrofe, Hiroshima é um retrato da crueldade - e, também, da capacidade de superação humana-. Através desta obra prima do jornalismo literário, dados estatísticos sobre o fatídico dia 6 de agosto se tornam reais e palpáveis. A dura realidade e a crueldade da bomba A (como foi apelidada pelos japoneses que a vivenciaram) são demonstradas através dos depoimentos tristes e impressionantes destes seis sobreviventes.
O livro possibilita ao mundo tomar consciência do imenso poder de destruição das armas nucleares. Além de nos fazer refletir sobre determinados valores como patriotismo, superação, altruísmo e esperança.
Embora a primeira reportagem (que mais tarde viria a se tornar o livro) date de 1946, Hiroshima ainda traz a tona questões bastante atuais. Até que ponto 'vale tudo pela guerra'? Utilizar seres humanos como ratos de laboratório para testar novas armas de destruição -sob o pretexto de estar em guerra- e matar da forma mais cruel possível milhares de pessoas inocentes é aceitável? Será que Hiroshima e Nagasaki (assim como outras atrocidades históricas) estão sendo esquecidas ou simplesmente vistas com imensa insensibilidade pela humanidade? Seria preciso mais catastrofes como estas para que o apelo da paz ganhe ouvidos?
Questões sem respostas, mas extremamente atuais. Em um mundo insensível e desumano, obras como esta transcendem as barreiras do tempo, nação, crenças. Tornando-nos apenas seres humanos -capazes de atos horripilantes e de superações impensáveis-.

Dados Técnicos:
Hiroshima, de John Hersey. Coleção Jornalismo Literário. Editora Companhia das Letras. 172 páginas. Preço médio:R$25,00

Para saber mais:
John Hersey (Facebook)
Hiroshima, de John Hersey, 'A melhor reportagem da história'
Repórteres e Reportagens