Mas, o caso não é esse. Isto apenas me fez refletir sobre como nós - de maneira geral, assim mesmo – não temos a menor idéia de como gastamos água. A partir da polêmica você começa a perceber que 99.9% dos consumidores não têm idéia de quanto se gasta e de como é fácil usar água.
Segundo uma média mundial, cada pessoa usa diariamente cerca de 200 litros por dia para suas necessidades básicas, como tomar banho, escovar os dentes, usar o banheiro. No final do mês, uma única pessoa teria consumido aproximadamente 6 mil litros de água. O mínimo de água em Mogi é 10 mil litros, no valor de R$15.27. Famílias de sete pessoas ou mais, com hidros antigos, costumavam gastar o mínimo. Fazendo-se as contas, conclui-se o óbvio: isso é impossível!
Porém, a polêmica surge quando desconhecemos estes dados. Quantas pessoas têm noção de quanto se consome em um banho? De que não é necessário ter uma piscina em casa, lavar o quintal todos os dias ou outros desperdícios do gênero para se alcançar a faixa dos 200 litros por dia? Praticamente ninguém.
Eu mesma não tinha nem idéia do quanto significava mil litros de água. Ou o quanto os meus dois banhos diários significariam no final do mês. E, porque, tamanha desinformação?
Diante da crise mundial que estamos passando, da escassez de água em muitos países, das lutas infinitas pela bandeira da sustentabilidade, ninguém se preocupa em informar a população sobre o consumo de água. Enquanto isso, continuamos deixando o ‘líquido precioso’ escorrer por nossas torneiras e canos furados e nem nos importamos! Mas, quando passa a mexer no bolso, como bons brasileiros, começamos a reclamar. Sem, ao menos, colocarmos a mão na consciência para refletirmos se, realmente, não estamos ‘jogando água pela janela’.
Orientamos nossas crianças sobre as leis de trânsito, sobre como reciclar garrafas pet, sobre os desmatamentos na Amazônia, sobre como o excesso de veículos contribui com o buraco na camada de ozônio. Mas, na hora de instruirmos sobre uma coisa simples- como a economia de água- acabamos falhando. Não se conscientiza a população sobre gastos diários, sobre como uma máquina de lavar ligada pode fazer diferença no consumo, sobre como vazamentos são desperdícios de água. Sabemos, sim, que ela está acabando, que é fundamental para o homem, que sem ela não há vida na Terra, que ela representa 70% de nós. Porém, será que sentimos isso nos nossos gastos diários? Será que alteramos nossos hábitos por amor ao planeta, somente, ou é preciso sentir no bolso pra começarmos a nos preocupar - não por cuidado ao líquido precioso, mas sim por amor ao níquel valioso-?
Porém, como sempre, o ‘níquel valioso’ fala mais alto... E, claro, polêmicas vendem mais. Afinal, para quê economizar água? Salvar o planeta? Coisa de desenho animado. Daquele antigo, o tal “Capitão Planeta”. Pelo menos, naquela época, nossas crianças eram mais bem informadas, os desenhos passavam alguns valores, diferente de relógios que te transformam em alienígenas ou adolescentes que são super espiões.
Talvez eu esteja nostálgica, talvez revoltada, ou talvez apenas –às vezes- perca a fé nesta profissão pra qual estudo. Jornalistas? Formadores de opinião? Apenas creio que muitos trabalham em prol da disseminação da desinformação e do sensacionalismo barato. Isto é triste. Bem triste.